A cisterna de Jeremias 38.6 – descobertas arqueológicas

06/05/2025

O uso pioneiro da muografia – técnica de imageamento por múons – na famosa "cisterna de Jeremias", em Jerusalém, representa um avanço notável na arqueologia moderna. Em abril de 2025, pesquisadores da Tel Aviv University e da Israel Antiquities Authority colocaram um detector de partículas a cerca de seis metros de profundidade nessa estrutura histórica, coletando dados ao longo de semanas para mapear variações de densidade no subsolo sem qualquer escavação invasiva. Esses resultados inauguram uma nova era de estudos não destrutivos em sítios de alto valor cultural e religioso.


A "cisterna de Jeremias" é mencionada em Jeremias 38:6 como um poço profundo, situado no sítio arqueológico conhecido como City of David, ao sul da Cidade Antiga. Escavada originalmente na Idade do Ferro e provavelmente utilizada até o período bizantino, a cisterna servia para armazenamento de água e, possivelmente, para fins cerimoniais ou defensivos. Até hoje, porém, seus contornos internos permanecem pouco conhecidos, devido às limitações de técnicas tradicionais de sondagem em áreas urbanas repletas de vestígios milenares.


A muografia baseia-se na passagem de múons — partículas geradas pela interação de raios cósmicos com a atmosfera terrestre — através de rochas e solos. À medida que atravessam diferentes materiais, os múons perdem intensidade de forma proporcional à densidade do meio. Registrando os ângulos e a quantidade de múons detectados após atravessar o teto rochoso da cisterna, é possível reconstruir mapas de "opacidade" que indicam eventuais cavidades ou anomalias estruturais. Essa técnica, aplicada inicialmente ao estudo de pirâmides no final da década de 1960, hoje conta com detectores compactos e eletrônica avançada que permitem alta resolução angular.


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Cornell Universitt