Introdução
Amados irmãos, hoje vamos refletir sobre a vida de Ló, personagem cuja
trajetória nos adverte e nos inspira. Ló era sobrinho de Abraão, homem de fé,
mas tomou decisões que o expuseram a perigos espirituais e morais. Ao
analisarmos suas escolhas, seus erros e a graça de Deus que o alcançou,
descobriremos sete lições que podem transformar nossa caminhada cristã. Que o
Espírito Santo nos ilumine para aprendermos com a história de Ló, aplicando-a ao
nosso próprio viver.
1.Escolhas fundamentadas na fé, não apenas no conforto
material
Logo após a separação de Abraão, Ló contemplou "a
planície fértil do Jordão" e resolveu habitar perto de Sodoma (Gn 13:10–11). A
promessa de boa terra seduziu seus olhos, mas ele ignorou o caráter corrupto
daquela cidade. Quantas vezes, em nossa vida, somos tentados a escolher
empregos, bairros ou amizades olhando apenas para o que parece próspero? A
Bíblia nos adverte: "Lembre-se do Senhor, teu Deus, porque é ele quem te dá
força para adquirir riquezas" (Dt 8:18). Que não sejamos movidos pelas aparências,
mas pelos valores do Reino de Deus, ainda que signifique abrir mão do
"conforto" imediato.
2. O perigo de se
contaminar pelo ambiente
Ao se estabelecer em Sodoma, Ló
teve de conviver com costumes ímpios. Até sua hospitalidade — tão elogiada —
foi distorcida quando tentaram abusar de seus hóspedes (Gn 19:4–8). O apóstolo
Paulo adverte: "Saí do meio deles e apartai-vos, diz o Senhor" (2 Cor 6:17).
Viver perto do pecado nos torna vulneráveis: o ambiente sujo respinga em nós.
Por isso, precisamos de um lugar "santo", uma comunidade de fé que nos
fortaleça e que nos ajude a manter nossos pés no caminho estreito.
3. O valor da hospitalidade e do amor ao próximo
Apesar de seus erros, Ló teve um gesto nobre: recebeu
em casa dois mensageiros de Deus, arriscando-se por eles (Gn 19:1–3). A
hospitalidade — abrir as portas do lar e do coração — é um testemunho poderoso
do amor cristão. Hebreus 13:2 nos lembra: "Não vos esqueçais de usar a
hospitalidade, porque por ela alguns, sem o saber, hospedaram anjos". Somos
chamados a praticar o acolhimento, vendo no estrangeiro a imagem de Cristo que
bate à porta.
4. A urgência da obediência e prontidão para fugir do
pecado
Quando Deus advertiu Ló para fugir de Sodoma, a ordem
foi clara: "Não olhe para trás" (Gn 19:17). A hesitação de sua esposa — que
virou coluna de sal ao olhar — ilustra o perigo de "olhar com saudade" para o
mundo antigo. Jesus afirmou: "Ninguém, que lança a mão ao arado e olha para
trás, é apto para o Reino de Deus" (Lc 9:62). Toda vez que Deus nos chama a uma
renúncia, devemos obedecer prontamente, sem remorso ou saudade do que estamos
deixando para trás.
5. A graça de Deus diante da fraqueza humana
Apesar da contaminação de seu ambiente, Ló foi poupado
do juízo divino. Deus o resgatou "por amor a Abraão" e por sua "alma justa" (2
Pe 2:7–8; Judas 1:7). Isso nos lembra que a graça de Deus frequentemente
alcança o pecador em meio aos escombros de seus erros. Não importa quão
distante tenhamos ido, Ele nos chama ao arrependimento e à restauração. Se hoje
você se sente atolado em fracassos, saiba: o Senhor se move em misericórdia
para libertar e transformar.
6. Rompendo compromissos familiares e sociais nocivos
A família de Ló — sua esposa e duas filhas —
presenciou a destruição de Sodoma porque se apegou àquela terra (Gn 19:15–16).
Muitas vezes, relacionamentos ou tradições familiares nos impedem de seguir a
vontade de Deus.
Todos nós quando constituímos uma nova família, devemos
romper com os valores do passado (Gn. 2.24), se esses valores contrariam a
vontade de Deus. O homem como Sacerdote do lar, deve purificar sua família e
esposa com a Palavra (Ef. 5.26,27), para que seu lar não se divida por conta do
pecado ou por conta dos costumes do passado.
7. A necessidade de firmeza espiritual contínua
Após o livramento, Ló refugiou-se numa caverna e,
tragicamente, suas filhas o embebedaram para preservar a família (Gn 19:30–38).
Esse episódio revela o quão frágil pode ser uma fé que não se ancora em Cristo.
Hebreus 2:1–3 nos exorta a "atentar para não deixarmos de ouvir" e a
perseverar. Cremos na salvação, mas precisamos cultivar comunhão diária, oração
e estudo da Palavra, para que nossa fé não derreta na primeira adversidade.
Conclusão
Queridos, a trajetória de Ló é um espelho: nele vemos nossas próprias
fraquezas, mas também a infinita graça de Deus. Que estas sete lições nos
inspirem a:
- Escolher o caminho da fé, não o da aparência.
- Separar-nos do pecado através de comunidades santificadoras.
- Praticar hospitalidade como expressão concreta do amor de Cristo.
- Obedecer imediatamente ao chamado de Deus, sem olhar para trás.
- Confiar na graça que nos alcança mesmo nas maiores quedas.
- Romper com o que nos afasta da vontade de Deus.
- Perseverar numa vida de oração e estudo, mantendo firme a fé.
Hoje, o Senhor nos convoca a um "novo começo" — não em
Sodoma, mas no Céu. Você tem vivido segundo as lições de Ló ou ainda coleciona
olhares de saudade para as "planícies férteis" do mundo? Que o Espírito Santo
nos dê força para escolher a santidade, cultivar a comunhão e marchar firmes
até o Dia em que chegaremos à Cidade Santa, não construída por mãos humanas,
mas pelo próprio Deus. Amém.